"Mais de um em cada quatro estrangeiros residentes em Portugal (28,9%) está em situação de pobreza ou exclusão social, quase 10 pontos percentuais acima da população portuguesa (19,2%) nesta situação", embora abaixo da situação dos imigrantes na UE (cerca de 40%), indica um retrato detalhado dos estrangeiros em Portugal, em matéria de emprego, educação, fluxos migratórios e atribuições de nacionalidade, realizado pela Pordata no âmbito do Dia Mundial dos Migrantes.
Em Portugal, "as desigualdades de género no mercado de trabalho são mais acentuadas do que na população de nacionalidade portuguesa", com significativamente mais homens estrangeiros a trabalhar do que mulheres (86,4% para os homens e 68,5% para as mulheres), uma diferença que não é tão acentuada entre os cidadãos portugueses (84,7% para os homens e 79,3% para as mulheres).
Desemprego
"Relativamente à taxa de desemprego, entre a população estrangeira, os homens registam 8,3% e as mulheres 14,6%, enquanto entre a população com nacionalidade portuguesa, a percentagem é de 4,8% para os homens e 5,3% para as mulheres", refere o relatório do portal estatístico da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Há mais estrangeiros do que portugueses no mercado de trabalho (88,2% e 86,9%, respetivamente), mas os dados alteram-se quando se analisa a percentagem de pessoas à procura de emprego (11,5% entre os estrangeiros e 5% entre os portugueses), o que revela maiores dificuldades de acesso para quem não tem nacionalidade.
"É entre a população feminina que se registam as maiores diferenças entre os residentes estrangeiros e os de nacionalidade portuguesa, quer na taxa de desemprego, que é 9,3 pontos percentuais superior para as mulheres estrangeiras, quer na taxa de emprego, que é 11 pontos percentuais inferior à das mulheres com nacionalidade portuguesa", refere a Pordata.
A presença de mais estrangeiros - 1.543.697 residentes em Portugal no final de 2024 - transformou também o sistema de ensino, tendo o número de alunos com pelo menos um progenitor de nacionalidade estrangeira aumentado 58% entre 2020 e 2023, atingindo 206.011 casos.
Relativamente à atribuição de nacionalidade, houve um aumento de 21% entre 2023 e 2024, envolvendo 20.624 cidadãos residentes em Portugal, mas os dados divulgados pela Pordata indicam que a percentagem de estrangeiros que pedem a nacionalidade portuguesa é tradicionalmente muito baixa (cinco em cada cem, quando se analisa o "número correspondente de estrangeiros registados seis anos antes", o atual prazo para fazer o pedido). Por outro lado, "a maioria da nacionalidade portuguesa foi concedida a residentes no estrangeiro", com 26.216 concedidos em 2024, "81% dos quais a estrangeiros de ascendência judaica sefardita portuguesa".
Fluxos migratórios
Relativamente aos fluxos migratórios, em 2024, 177.557 pessoas, entre portugueses e estrangeiros, imigraram para Portugal e, no mesmo período, "33.916 pessoas (de nacionalidade portuguesa ou estrangeira) emigraram de forma permanente, resultando num saldo migratório positivo de 143.641, ligeiramente inferior ao registado em 2023 (155.701)", refere a Pordata.
Entre 2009 e 2018, o país teve mais imigrantes portugueses do que estrangeiros, com o saldo a inverter-se nos últimos anos, mas no que respeita à emigração, o saldo foi sempre muito significativo, com 80% dos que saem do país a serem de nacionalidade portuguesa.
Entre os emigrantes, "os jovens entre os 20 e os 34 anos têm sido o grupo mais prevalente, representando quase sempre mais de 50% e atingindo um máximo de 57% em 2024", refere o relatório.
"Entre 2016 e 2023, a entrada de imigrantes de nacionalidade estrangeira cresceu a uma taxa média anual de 37%, a mais elevada da UE27", indica ainda a análise da Pordata.






