Quer seja em festas da terrinha, numa reunião familiar, num piquenique ou mesmo enquanto cozinha, a música Pimba será a seleção preferida dos portugueses, que não conseguem evitar dançar, cantar e rir ao som das canções interpretadas pelos seus artistas favoritos.

Se o Fado é conhecido pela sua profundidade emocional, letras e actuações comoventes, o Pimba é conhecido pelo oposto. Normalmente, as canções de Pimba são alegres, com ritmos agitados que farão com que todos queiram dançar ao som das canções, que normalmente contam uma história que pode ser interpretada de duas maneiras diferentes. O género é muito popular em Portugal, mas as comunidades portuguesas no estrangeiro são um grande mercado para estes artistas, que, durante o inverno, por exemplo, fazem espectáculos em países como o Luxemburgo, a Suíça e os Estados Unidos da América, onde residem vários emigrantes portugueses.

Para além dos sons muito típicos portugueses tocados através do acordeão, a música Pimba tem vindo a misturar sons internacionais nas suas melodias. Ao longo do tempo, os artistas foram absorvendo a sonoridade de outros géneros, nomeadamente ritmos de África. Artistas como Némanus têm lançado músicas inspiradas no Funaná, de Cabo Verde, como a canção Beijo de Funaná. Emanuel, outro artista Pimba, lançou em 2010 um grande sucesso inspirado no género angolano Kuduro.


A história do Pimba

Após a revolução do 25 de abril, em 1974, o povo português passou a ter liberdade para partilhar as suas ideias e viver mais livremente. Assim, os artistas tiveram a oportunidade de trabalhar a sua arte de uma forma diferente. O Pimba surgiu por volta dos anos 80, mas foi nos anos 90 que atingiu o seu auge de popularidade.

Um programa de televisão chamado "Big Show Sic", apresentado por João Baião, na SIC, foi um dos grandes impulsionadores de muitos artistas de Pimba em Portugal, onde Emanuel interpretou a música "Pimba, Pimba", que mais tarde se tornou o nome do género musical amado pela maioria dos portugueses, de todas as idades.

As letras arriscadas

O sucesso das músicas pode, obviamente, ser explicado pelos ritmos, mas as letras também desempenham um papel importante no sucesso do género.

A maioria das canções começa com uma situação do dia a dia. Comprar um gelado, ir à igreja, fazer comida para o marido e, em alguns casos, alistar-se no exército. Enquanto os versos parecem estar a contar uma história normal, o refrão faz com que tudo fique de pernas para o ar. Trocadilhos e metáforas fazem as delícias dos ouvintes. O que era suposto ser uma história de uma refeição agradável acaba por se transformar em algo muito diferente, que pode ser considerado não seguro para o trabalho.

Pop e baladas

Enquanto a maioria das canções são alegres com trocadilhos arriscados, há outras músicas que não são cantadas da mesma forma.

Especialmente na década de 90, muitos artistas decidiram encontrar outros caminhos e cantar as músicas do Pimba de uma forma mais romântica ou "pop". Ágata é uma das cantoras de maior sucesso em Portugal e ficou conhecida pelos seus êxitos pop, suaves e animados como Comunhão de Bens ou Perfume de Mulher e até Sozinha, onde os artistas exploraram uma separação de várias formas, explorando vários géneros.


Por outro lado, Mónica Sintra, conhecida pelas suas baladas, canta canções escritas de uma forma muito poética. Por exemplo, a canção "Afinal Havia Outra" conta a história de uma mulher que não sabia que o seu namorado era casado. Mas, prestando muita atenção, o ouvinte apercebe-se que a história está a ser contada na perspetiva do amante e não da esposa. Isto prova que, para escrever canções Pimba, é necessário algum conhecimento poético.

No entanto, Rosinha lançou algo inesperado. Conhecida pelas suas canções alegres e de duplo sentido, a cantora decidiu fazer uma balada, com o seu toque mágico, chamada "Ele Come Pipis".


Má reputação

Apesar da sua popularidade, o Pimba tem sido muitas vezes rejeitado por críticos e músicos que o consideram de baixo nível ou sem qualidade. Alguns cantores de Pimba, como Romana, têm dificuldade em transitar para outros géneros devido à sua forte associação com a música popular, mesmo quando são reconhecidos como tendo um talento vocal excecional.

Para além da sua popularidade entre os portugueses, o género Pimba é frequentemente criticado por outros artistas e músicos que o consideram inferior. Alguns artistas viram mesmo as suas carreiras bloqueadas devido ao seu portefólio no género. Romana é um desses casos. Apesar de ser reconhecida como uma das maiores vozes portuguesas, teve dificuldade em cantar outros géneros para além do Pimba devido ao início da sua carreira, trabalhando no género.

As críticas também se prendem com as letras, com outros artistas a afirmarem que as canções perpetuam regras de género que a sociedade atual já não deveria estar a insinuar

Permanecer forte

Ainda hoje, o Pimba continua a ser uma presença assídua nas celebrações portuguesas. Os êxitos da década de 1990 continuam a ser presença assídua nas reuniões de família e nas romarias tradicionais, onde há quase sempre um palco reservado para uma atuação do Pimba.


Para além da crítica, o género Pimba continua a ganhar força em Portugal, com os canais de televisão a dedicarem programas aos artistas. Os êxitos dos anos 90 continuam a ser tocados e conhecidos por todas as gerações. Todos os portugueses, adultos e crianças, saberão a letra de "A Cabritinha" de Quim Barreiros e quererão ensiná-la a toda a gente.

Os artistas, mesmo aqueles que ainda não são reconhecidos pelo público em geral, vão estar completamente lotados para atuar em festas por todo o país e até no estrangeiro. Durante o verão, sobretudo em agosto, todas as localidades terão um espetáculo de Pimba, levando alegria a toda a comunidade.