Hospedado nos silos da Cooperativa Agrícola de Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, o museu não terá uma coleção tradicional, mas servirá como um espaço para a criação de arte digital in situ, centrada em residências artísticas.

“A luta é ter cada vez mais espaços no interior do país que unam as pessoas, porque temos que deixar de ser elitistas, e o acesso à cultura e à arte contemporânea é importante”, disse Fátima Marques Pereira, programadora geral da abertura do Museu Zer0.

O prédio de sete andares abriga a área de exposição no térreo, composta por quatro salas: a sala imersiva, sem luz natural para imergir os visitantes em um ambiente digital; a sala grande; a sala do órgão; e a sala polivalente.

Na sala imersiva, os visitantes poderão ver duas obras de arte digitais: uma dedicada ao legado do arquiteto modernista Manuel Gomes da Costa, que projetou o edifícios da antiga cooperativa na década de 1950; e outro inspirado nas flores e plantas da região barrocal do Algarve, explicou João Correia Vargues, presidente do conselho de administração do Museu Zer0

.

A grande sala também apresenta uma instalação da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, com vídeos que narram os primeiros dias da arte digital em Portugal. Espera-se que a sala do órgão, que abriga um órgão antigo, hospede uma peça sonora

.

O primeiro andar do edifício será dedicado aos artistas, com o Espaço Magalhães — resultado de um projeto transfronteiriço que reúne o Algarve, o Alentejo e a Andaluzia — funcionando como um centro de experimentação e criação artística em arte digital.

Esse espaço de trabalho também inclui o “FabLab”, que tem três impressoras 3D e um estúdio de som que, embora não tenha sido projetado como um estúdio de gravação, tem um bom isolamento acústico, explicou João Correia Vargues.

O segundo andar do edifício possui um pátio onde shows, apresentações, mapeamento de vídeo e até séries de filmes, entre outros eventos, são planejados. No terceiro andar, projetos artísticos podem ser vistos nos antigos silos da cooperativa.

O museu também terá seu próprio espaço para residências artísticas, com uma configuração espacial que permite que cada espaço seja organizado para acomodar funções específicas sem entrar em conflito entre si, observou João Correia Vargues.

As conexões com escolas e pesquisas acadêmicas complementam os pontos fortes do Museu Zer0, particularmente com a Ágora, no sexto andar, um espaço interuniversitário projetado para acomodar pesquisadores. Já foi alcançado um protocolo com a Universidade do Algarve, acrescentou.

Criada pelo Instituto Lusíada de Cultura, uma organização sem fins lucrativos com interesse público, a ideia de estabelecer um museu lá surgiu com o empresário e ex-administrador do BCP Paulo Teixeira Pinto.

O Museu Zer0 está aberto de quarta a domingo, das 10h às 18h, e a entrada é gratuita.