Portugal é um dos países da Zona Euro onde os imigrantes mais ajudam a reduzir os custos do envelhecimento, mas é necessário um ajuste fiscal de 2,9 pontos percentuais do PIB para garantir a sustentabilidade das finanças públicas.

Esta conclusão é do estudo “The Costs of Building Walls: Immigration and the Budgetary Burden of Aging in Europe”, publicado pelo Jornal de Negócios, que revela que em um cenário extremo de imigração zero, a carga fiscal precisaria ser aumentada para 43% do PIB.

Os trabalhadores estrangeiros em Portugal representam um contribuinte líquido significativo para a Segurança Social. Em 2023, atingiu um pico, com as contribuições sociais dos imigrantes em Portugal atingindo €2.677 bilhões, enquanto os benefícios sociais recebidos totalizaram €484 milhões. Em 2024, essas contribuições representaram €2,2 bilhões para o sistema de Previdência Social, com trabalhadores estrangeiros recebendo €380 milhões em

benefícios sociais.

Na época em que a nova lei de estrangeiros foi aprovada, os números revelam o peso da população imigrante na força de trabalho do país. Mas o estudo de dois economistas da Nova SBE e um economista da Universidade de Estocolmo — Instituto de Estudos Econômicos Internacionais (IIES) vai mais longe e avalia sua importância a longo prazo para as finanças públicas, particularmente no pagamento do chamado “custo do

envelhecimento”.

Custo do envelhecimento

“O envelhecimento representa um grande desafio para as economias desenvolvidas, particularmente na Europa. Nas últimas décadas, a proporção de indivíduos em idade ativa na população vem diminuindo, à medida que as taxas de fertilidade diminuem e a expectativa de vida continua aumentando”, alertam os economistas Tiago Bernardino,

Francesco Franco e Luís Teles Morais.

Essa tendência representa um ônus para as finanças públicas, pois as contribuições fiscais e previdenciárias caem à medida que a proporção da população em idade ativa diminui. Ao mesmo tempo, os gastos públicos aumentam, principalmente em pensões e serviços de saúde

.

De acordo com as estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), até 2057, Portugal não terá mais dez milhões de habitantes. Em 2100, o país continuará perdendo população e ficará com apenas 8,3 milhões de habitantes, em comparação com os atuais 10,7 milhões. Em um cenário em que Portugal não receba mais imigrantes, a população cairá para 5,99 milhões. A situação pode se tornar ainda mais grave devido ao declínio das taxas de fertilidade e à contínua migração muito baixa, com a população residente em Portugal potencialmente atingindo 5,4 milhões

em 2100.

Diante desse cenário, os economistas Tiago Bernardino, Francesco Franco e Luís Teles Morais alertam para a importância das contribuições dos imigrantes para mitigar os custos do envelhecimento. “Portugal e a Eslovénia são os países que mais beneficiam da migração líquida, ao contrário do Luxemburgo ou da Lituânia, onde a migração atual contribuiu para um maior aumento do imposto de reequilíbrio orçamental. Os diferentes impactos da migração entre os países são uma consequência da diminuição dos retornos da migração”, enfatizam.

Contribuição dos imigrantes

“Portugal parece ser um dos países da Zona Euro onde os imigrantes mais contribuem para reduzir os custos do envelhecimento. E é um dos poucos países, considerando um trabalhador de 30 anos que permanece até o final de sua vida [ativa], em que a contribuição líquida que o imigrante faz é maior do que a de um trabalhador nacional médio”, explica Tiago Bernardino

em uma declaração ao Now.

O economista também explicou ao Jornal de Negócios que “no cenário base, para restaurar o equilíbrio orçamental à luz do envelhecimento estimado, a contribuição líquida do contribuinte nativo médio de 30 anos precisaria aumentar em 631 euros por ano”, mas “sem imigração, esse número sobe para 1.700 euros por ano”. Em outras palavras, os trabalhadores imigrantes permitem uma menor carga tributária sobre

os cidadãos.

Ou seja, em um cenário básico, no qual o influxo de imigrantes permanece em 0,5% até 2100. Para garantir a sustentabilidade das finanças públicas em face do envelhecimento, é necessário um ajuste fiscal adicional de 2,9 pontos percentuais do PIB, mas no cenário de imigração zero, o esforço fiscal sobe para 10,8 pontos percentuais do PIB, ou seja, da carga

tributária.