"Esta greve resulta da falta de resposta da administração da CP - Comboios de Portugal ao que o sindicato tem sistematicamente denunciado através de ofícios dirigidos aos serviços competentes, referindo que as condições de trabalho neste posto, que já eram deficientes, se degradaram de forma particularmente preocupante com o aumento das temperaturas durante o verão, sobretudo no turno da tarde", disse à Lusa o dirigente sindical José Oliveira.

De acordo com o diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário, o sindicato emitiu um "pré-aviso de greve parcial", que decorrerá durante duas semanas no turno da tarde nas bilheteiras da estação do Entroncamento, no distrito de Santarém, e será desconvocado se as reivindicações forem satisfeitas.

"Os trabalhadores, nomeadamente os que fazem o atendimento ao público nas bilheteiras do Entroncamento, estão expostos à radiação solar direta durante várias horas consecutivas, situação que se traduz num forte desconforto térmico e numa clara degradação das condições ambientais no local de trabalho", afirma o sindicato no pré-aviso de greve.

Insistindo que as condições de trabalho destes funcionários põem em causa "não só o seu bem-estar e dignidade no desempenho das suas actividades profissionais, como também aumentam os riscos evidentes para a saúde", José Oliveira defende que "este facto, nos termos do Código do Trabalho, não pode ser ignorado pela entidade patronal".

De acordo com o dirigente sindical, a CP remodelou as áreas comerciais e de atendimento ao público da estação de comboios do Entroncamento em 2022, mas não resolveu a "incidência da luz solar, que, nestes dias de calor, torna as temperaturas muito elevadas" nas bilheteiras.

"Já alertámos a empresa várias vezes para a situação, não é uma questão recente, mas não houve resposta a um problema relacionado com as condições de trabalho e foi neste contexto que foi emitido o pré-aviso de greve", explicou.

Ainda de acordo com José Oliveira, a greve pode inviabilizar o serviço público por cerca de duas semanas, sempre no período da tarde, dependendo da participação dos trabalhadores.

"Se todos os que estão escalados para trabalhar nesse turno participarem efetivamente, não haverá serviço à tarde, que é o turno em que as condições de trabalho são piores devido às temperaturas", disse, acrescentando que "cabe aos técnicos" encontrar uma solução.

"O que é preciso é que a CP tome algumas medidas para evitar que a luz solar atinja aquele local, eventualmente com ar condicionado, mas não será certamente um investimento muito elevado", acrescentou.