As vantagens de entrar no mercado de trabalho com um diploma de ensino superior são bem conhecidas e são mais uma vez confirmadas na edição de 2025 do Education at a Glance, o relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico(OCDE) que fornece estatísticas sobre os sistemas educativos dos seus 38 Estados-Membros.

De acordo com os dados mais recentes, de 2023, 83% dos adultos entre os 25 e os 64 anos com pelo menos um diploma de bacharelato auferiam salários acima da média.

A realidade dos trabalhadores altamente qualificados em Portugal contrasta com as condições salariais dos menos escolarizados: entre os adultos que apenas completaram o ensino secundário, 53% ganhavam abaixo do salário médio, percentagem ainda mais elevada entre os trabalhadores que não completaram o 12º ano (66%).

Por outro lado, menos de 10% dos que não completaram o ensino superior ganham mais do dobro do salário médio. A percentagem é significativamente mais elevada entre os licenciados, atingindo os 36%.

Para além da vantagem salarial, o Education at a Glance 2025 também destaca a relação entre a taxa de emprego e as qualificações e, também neste aspeto, os benefícios do ensino superior são claros.

Utilizando dados de 2024, o relatório da OCDE revela que nove em cada 10 licenciados estavam empregados nesse ano (91%).

A taxa de emprego entre os adultos com o 12º ano de escolaridade é ligeiramente inferior (86%) e ainda mais baixa entre os que não concluíram o ensino secundário.

Encontrar um emprego

Ainda assim, no que respeita à facilidade de encontrar emprego, as diferenças entre ter e não ter um diploma do ensino superior não são tão acentuadas em Portugal como na média da OCDE.

Em Portugal, apenas cinco pontos percentuais separam a taxa de emprego entre os que possuem os dois graus académicos, uma diferença que atinge os nove pontos percentuais na média da OCDE.

Por outro lado, são sobretudo as mulheres que beneficiam do ensino superior no mercado de trabalho, e os dados mostram que as diferenças de género na facilidade de encontrar emprego diminuem à medida que o nível de qualificações aumenta.

De acordo com os dados, em 2024, 66% das mulheres entre os 25 e os 64 anos sem diploma do ensino secundário estavam empregadas. Entre os homens com o mesmo nível de instrução, a taxa era de 79%.

Com um diploma do ensino secundário, a taxa de emprego era de 82% entre as mulheres e 88% entre os homens, e para aqueles com ensino superior, não há diferença: 89% em ambos os casos.

Estes ganhos também se mantêm à medida que os estudantes prosseguem os seus estudos superiores, sendo a colocação profissional para os que têm mestrado e, sobretudo, doutoramento, mais fácil do que para os que têm apenas licenciatura.

Nos últimos anos, mais jovens têm vindo a ingressar no ensino superior, sendo que, entre 2019 e 2024, a percentagem de jovens entre os 25 e os 35 anos com ensino superior subiu de 38% para 43%.

Portugal continua a ser um dos países com maior percentagem da população adulta que não completou sequer o 12º ano (38%).

As licenciaturas continuam a ser a principal porta de acesso ao ensino superior e os novos estudantes são maioritariamente mulheres, representando pouco mais de metade.

Em termos de género, as mulheres também têm mais facilidade em concluir a licenciatura dentro dos três anos previstos.

Relativamente às taxas de abandono escolar, Portugal parece ter um desempenho melhor do que a média da OCDE, com uma taxa de abandono de 8% após o primeiro ano do curso, em comparação com a média de 13% dos Estados-Membros.