O diretor-geral do maior exibidor de cinema do país, Nuno Aguiar, explicou à agência Lusa que as sete salas foram alvo de profundas remodelações nos últimos meses, com novas cadeiras, ecrãs, ar condicionado e sistemas de som.

A renovação, efectuada por fases, representando um investimento de 700 mil euros do exibidor e da Mundicenter, que gere o centro comercial, coincidiu com o 40.º aniversário deste multiplex nas Amoreiras.

De acordo com as estatísticas do Instituto do Cinema e Audiovisual(ICA), as sete salas do centro comercial das Amoreiras receberam 231.622 espectadores em 2024, praticamente o mesmo público de 2023.

Nuno Aguiar explicou que o perfil da programação destas salas vai manter-se, com cinema de autor, independente e mais comercial, sem alterações significativas de preço.

Questionado sobre o custo médio de uma ida ao cinema, que segundo o ICA será de 6,18 euros em 2024, Nuno Aguiar disse ser um preço aceitável: "No âmbito do entretenimento, o cinema tem o seu preço, mas acho que para uma reunião familiar ou para ir sozinho, seja o que for, continua a haver preços aceitáveis, senão não conseguimos dar as melhores condições."

Nuno Aguiar defendeu ainda a fruição e o ato cultural de ir ao cinema, mesmo que coexistam ecrãs e plataformas alternativas.

"Talvez o paralelo não seja esse, mas uma coisa é ir a um estádio e outra é ver futebol em casa; uma coisa é ir a um concerto e outra é ouvir música em casa. Os filmes são feitos para serem vistos na sala de cinema.

Encerramento de cinemas

Esta remodelação das salas do Amoreiras surge num ano em que a NOS Cinemas encerrou as salas do MaiaShopping em janeiro, no distrito do Porto, e do Tavira Grand Plaza, no distrito de Faro, em agosto passado, conforme explicou o diretor-geral.

Sobre os motivos do encerramento, Nuno Aguiar disse que "o contrato terminou e o promotor preferiu avançar para outro tipo de atividade", sublinhando que o sector da exibição em Portugal é dinâmico.

"Fechámos na Maia e em Tavira, mas podem surgir outras oportunidades de reabertura, porque depende dos promotores, de nós e da oportunidade. Não mudou muita coisa", disse.

Com estas alterações, a NOS Cinemas detém atualmente 202 salas de cinema distribuídas por 28 complexos - todos em centros comerciais - incluindo nos Açores, sendo líder num mercado com cerca de 500 salas.

"A NOS é declaradamente um exibidor de cinema comercial e, para conseguirmos, na forma como exibimos os filmes, uma massa crítica que sustente uma determinada sala, precisamos de ter pelo menos cinco salas", disse.

Segundo Nuno Aguiar, não há muitas salas em todas as capitais "que tenham este tipo de infra-estruturas".

"Se me perguntar se está no espírito da NOS gerir cinemas individuais em alguns bairros? Eu diria que não", respondeu, sublinhando que no panorama da exibição cinematográfica no país, apesar das assimetrias no acesso a esta atividade cultural, "há espaço para todos".

"E todos queremos que o cinema em sala tenha futuro", disse.

De acordo com o ICA, em 2024, o exibidor NOS Cinemas recebeu 7,7 milhões de espectadores nas suas salas, representando 65,2% do total de espectadores de cinema em Portugal. Em termos de audiência, arrecadou 50 milhões de euros de receitas de bilheteira, o que representa 68,2% dos 73 milhões de euros registados na sessão.

A reabertura das sete salas do centro comercial Amoreiras, cada uma com mais de 600 lugares, é assinalada na quarta-feira com a projeção do filme "Amélie" (2001), de Jean-Pierre Jeunet.