O Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE) publica anualmente o Índice de Igualdade de Género e o relatório de 2025 afirma que "apesar dos progressos realizados em toda a Europa, a plena igualdade de género ainda está a pelo menos 50 anos de distância".

De acordo com o EIGE, a maioria dos Estados-Membros registou retrocessos em termos de igualdade de género na saúde e na educação, e revela que "as mulheres em toda a UE ganham apenas 77% do que os homens ganham anualmente".

"Chocante"

"Isto significa que têm de trabalhar, em média, 15 meses e 18 dias para receber o mesmo montante que os homens ganham num ano", afirma a agência, segundo a qual esta é uma "disparidade salarial chocante entre homens e mulheres".

Os dados do Índice atribuem à União Europeia uma pontuação global de 63,4 pontos em 100, mas salientam que os progressos são desiguais, variando entre a pontuação mais baixa de 47,6 pontos do Chipre e a mais elevada da Suécia, com 73,7 pontos. Portugal obtém a mesma pontuação global que a média da UE.

"Embora isto represente um aumento de 10,5 pontos desde 2010, ao ritmo atual e renovado, significa que ainda estamos a meio século de alcançar a plena igualdade de género", salienta o EIGE, sublinhando que isto significa que "as mulheres estão a trabalhar o equivalente a um 'trimestre fantasma' inteiro de graça".

Citado no comunicado de imprensa do EIGE, o diretor do instituto, Carlien Scheele, sublinha que esta perda de rendimento é injusta e constitui "um obstáculo à igualdade e à competitividade em toda a Europa".

Carlien Scheele sublinha que estes três meses são tempo que as mulheres não passam com as suas famílias a estudar, a receber formação ou a descansar, e que "isto piora as pensões e o rendimento ao longo da vida".

O Índice de Igualdade de Género acompanha o progresso dos países em seis áreas: trabalho, dinheiro, conhecimento, tempo, poder e saúde, atribuindo classificações numa escala de 0 a 100, para além de monitorizar a violência contra as mulheres e as desigualdades intersectoriais.

Trabalho

Em termos de trabalho, o Índice revela que o emprego feminino está a crescer, mas poucas mulheres alcançam posições de gestão ou empregos mais bem pagos, e que a maternidade restringe as perspectivas de carreira, ao contrário do que acontece com os homens.

No domínio do dinheiro, a principal conclusão é que as mulheres ganham menos 77% do rendimento anual dos homens, o que representa um aumento em relação aos 69% registados em 2015, e que as mulheres que vivem em casal ganham, em média, menos 30% do que os seus parceiros.

Ao nível do Tempo, o EIGE afirma que as mulheres continuam a suportar o peso dos cuidados não remunerados e das tarefas domésticas, limitando o seu envolvimento no lazer e na vida pública.

Por outro lado, ao nível do Conhecimento, refere que "as mulheres jovens têm um desempenho superior ao dos homens no ensino superior, mas são direcionadas para profissões de cuidados, como a educação, a saúde ou o trabalho social, que são tipicamente subvalorizadas".

A medida Poder "tem sido o principal motor do progresso no Índice desde 2020", mas "continua a ser o domínio com a pontuação mais baixa (40,5) devido às desigualdades persistentes".

A saúde é o domínio com a pontuação mais elevada (86,2), mas o EIGE salienta que "os progressos estagnaram e as desigualdades persistem no que respeita aos comportamentos de saúde e ao número de anos de vida saudável, especialmente para as mulheres com baixos níveis de educação".

"O Índice também conclui que a violência contra as mulheres continua a ser generalizada e subnotificada, com dados que revelam um número alarmante de 31% de mulheres que sofrem violência física e/ou sexual na sua vida adulta - com maior exposição entre as mulheres com menos de 45 anos", diz o relatório.

A diretora do EIGE reconhece que há progressos, "mas muito lentos", e salientou a falta de mulheres em cargos de topo, com salários mais elevados, ou em funções de liderança, defendendo "sistemas de cuidados que não só libertem o tempo das mulheres, como também partilhem o fardo igualmente com os seus parceiros".