Uma foca que estava a ser avistada há cerca de duas semanas na Marina de Cascais morreu, revelou o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos(CRAM) na sua página de Instagram.

A notícia foi dada pelo centro através de um story.

"Dada a deterioração do estado de saúde da foca que se encontrava na Marina de Cascais, a nossa equipa foi ativada para o seu resgate", começaram por dizer, acrescentando que, "na primeira avaliação, foi possível constatar que tinha várias lesões e o prognóstico era muito reservado".

"Tendo sido efectuado o transporte imediato, infelizmente, a foca não sobreviveu", concluíram.

Será agora efectuada uma análise post-mortem para tentar determinar as possíveis causas que afectaram a saúde do animal.

Polémica

A presença da foca na Marina de Cascais gerou alguma polémica, com uma clara divisão entre a opinião dos activistas e das autoridades ambientais, segundo uma reportagem do NM.

Num comunicado partilhado na sua página de Instagram, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas(ICNF) chegou a dizer que o animal "aparenta ser jovem, saudável e sem lesões visíveis", revelando que se estava a alimentar "regularmente" de peixes e polvos e a usar as rochas da marina como local de descanso.

Na mesma nota, a entidade sublinha que este tipo de situações nem sempre requer intervenção, devendo a foca ser deixada em paz, desde que não apresente sinais evidentes de debilidade.

Algo com que Miguel Lacerda, da associação ambientalista Cascaisea, nunca concordou.

Nas redes sociais, o ativista foi comentando o estado de saúde da foca ao longo dos dias e, a 11 de dezembro, já tinha revelado que esta parecia ter dificuldade em subir às rochas para descansar. No dia 15, reiterou a sua "preocupação" com o animal.

Depois, no dia 18, revelou que tinha sido alertado por um pescador para o "pedido de ajuda" do animal.

"Por volta das 8h30 recebi uma chamada de um pescador de Cascais que estava na marina com o seu barco, informando-me que a foca estava mesmo ao seu lado, em situação crítica e sem reação. Dirigi-me de imediato para o local", começa por contar.

"Aconteceu o que eu estava à espera. Ninguém a monitorizar o animal, ninguém pronto a atuar. O ICNF mostra mais uma vez que não serve para nada! Hoje dediquei mais 7 horas à foca; o estado dela era verdadeiramente preocupante, parecia que tinha caído das rochas (como eu tinha dito)", acusa, revelando que o animal "tinha duas nódoas negras, não conseguia ficar numa posição normal na água, sempre de lado no flanco direito, e sempre que tentava endireitar-se voltava à mesma posição, o que dificultava a respiração".

Ao longo de 10 dias, revela, Miguel Lacerda dedicou mais de 62 horas à foca, monitorizou o seu comportamento e alertou para os perigos que corria.

"Eles ignoraram-no", acrescenta.

"Arranjei uma solução, mas a empresa que iria construir uma pequena plataforma para a foca descansar sem os riscos do quebra-mar não quis. Nestes 10 dias, não me cruzei com ninguém do ICNF ou da Ambiente Cascais. Para que é que eles servem? Cascais tem um mar enorme que é completamente ignorado, maltratado e desvalorizado pela autarquia", acrescenta.

Alerta

O ativista conta ainda que às 9 horas da manhã alertou o Capitão do Porto para a gravidade da situação, mas à hora de almoço ainda nada tinha sido feito. "Às 13 horas decidi preparar tudo para resgatar a foca (sim, foi feito com materiais que tinha no nosso barco "Limpa Mar" e na carrinha). Às 13:20 resgatámos a foca (sem apoio de nenhuma entidade). O CRAM (de Aveiro) veio buscar a foca.

No vídeo do momento, partilhado na página de Facebook da Cascaisea, é possível ver o animal junto a um barco, visivelmente doente. Nele, ouve-se um homem a dizer: "Parece que veio aqui pedir ajuda", e Miguel Lacerda acena com a cabeça.

No entanto, na sua página de Instagram, o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) garante (em letras maiúsculas) que o resgate foi feito a seu pedido, devido à suposta "alteração súbita" do estado do animal, contrariando Miguel Lacerda, que documentou todo o processo nas redes sociais.