Donald Trump sugeriu, sem apresentar evidências científicas, que o aumento do autismo no país pode ser causado pelo uso do analgésico paracetamol em mulheres grávidas e pela vacinação.

Ladeado por Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde e uma das faces do movimento antivacina no país, Trump sugeriu impor limites ao uso do paracetamol — mais conhecido nos Estados Unidos pela marca Tylenol — durante a gravidez, citando a droga como uma possível causa do autismo, embora esse nexo causal tenha sido investigado e não comprovado.

Hoje, a Autoridade Nacional do Medicamento de Portugal (Infarmed) anunciou que o uso de paracetamol durante a gravidez permanece inalterado, insistindo na falta de evidências que justifiquem mudanças nas recomendações quanto ao uso deste analgésico na União Europeia.

Afirma que, em 2019, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) revisou os estudos disponíveis que investigam o neurodesenvolvimento de crianças expostas ao paracetamol no útero, concluindo que “os resultados foram inconclusivos” e que “não foi possível estabelecer uma ligação com distúrbios do neurodesenvolvimento”.

“Um grande conjunto de dados de mulheres grávidas que usaram este medicamento durante a gravidez indica que não há risco de malformações no feto em desenvolvimento ou no recém-nascido”, afirma.

O Infarmed enfatiza que, quando necessário, o paracetamol pode ser usado durante a gravidez e explica: “Como acontece com qualquer medicamento de tratamento agudo, ele deve ser usado na menor dose efetiva, pela menor duração possível e com a menor frequência necessária”.

Eles também aconselham as mulheres grávidas a falarem com seu profissional de saúde se tiverem dúvidas sobre qualquer medicamento durante a gravidez.

A EMA e as autoridades nacionais competentes da UE “continuarão monitorando a segurança dos medicamentos que contêm paracetamol e avaliarão rapidamente quaisquer novos dados que surjam”, disse o comunicado, acrescentando que medidas regulatórias serão tomadas “sempre que necessário” para proteger a saúde pública.

Na segunda-feira, Trump disse que o paracetamol está “possivelmente associado a um risco muito maior de autismo”, aconselhando as mulheres a não tomá-lo durante a gravidez, mas ele não apresentou nenhuma evidência científica.

Como alternativa, ele citou rumores de que “praticamente não há autismo” em Cuba porque o país não pode comprar o Tylenol, a marca mais popular de paracetamol.

Especialistas afirmaram que o aumento de casos nos Estados Unidos se deve principalmente a uma nova definição do transtorno, que agora inclui casos leves em um “espectro” e diagnósticos mais precisos, e que não há uma causa única.