Os trabalhadoresda Menzies iniciam na sexta-feira (8 de agosto) a sua segunda greve de quatro dias, de um total de cinco previstos para o verão, época alta do turismo, com a empresa e o sindicato a trocarem acusações de falta de vontade de dialogar.
"Esta greve é o resultado direto da intransigência da administração da Menzies, representada pelo seu vice-presidente, Rui Gomes, que preferiu o confronto ao diálogo, recusando soluções que respeitem os direitos dos trabalhadores e os interesses do país", acusou hoje o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins(SIMA), em comunicado.
Segundo o sindicato, "em plena época alta do turismo, a Menzies e a TAP optaram por virar as costas aos seus trabalhadores, clientes e a todos os que visitam Portugal, com uma atitude arrogante, irresponsável e calculista".
"Perante a persistência dos problemas laborais e as justas reivindicações dos trabalhadores, a resposta da Menzies e da TAP foi clara: não há negociação", sublinha. Um porta-voz da Menzies lamentou, em declarações enviadas à comunicação social, "que os sindicatos insistam em promover uma narrativa distorcida, baseada em alegações infundadas, e demonstrem falta de vontade de encetar um diálogo justo e honesto".
"Também lamentamos que uma greve tenha sido convocada com base em argumentos distorcidos e infundados, e apelamos a um diálogo construtivo para evitar perturbações desnecessárias para os passageiros numa altura de grande atividade no sector da aviação", acrescentou a empresa britânica, que detém 50,1% da antiga Groundforce (os restantes 49,9% ficaram com a TAP).
As greves foram convocadas pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST) para acabar com os salários base abaixo do salário mínimo nacional, melhorar os salários e fazer cumprir o pagamento dos turnos noturnos, entre outras reivindicações. O próximo período de greve terá início à meia-noite e terminará à meia-noite de segunda-feira.
Em comunicado divulgado hoje, o SIMA refere que o Ministério das Infra-estruturas solicitou uma proposta ao sindicato para ponderar a desconvocação da greve, numa reunião realizada na passada sexta-feira. "O SIMA, tal como solicitado, enviou a sua proposta ao Ministério. Até à data, não houve qualquer resposta", declarou o sindicato.
A primeira greve dos trabalhadores de assistência em escala, entre 25 e 28 de julho, levou ao cancelamento de várias dezenas de voos no Aeroporto de Lisboa, a atrasos e a situações em que os aviões partiram apenas com passageiros, sem bagagem ou carga, segundo o sindicato.
Para a próxima greve, André Silva, porta-voz do SIMA, disse à Lusa que espera um impacto semelhante, embora a dimensão da participação dos trabalhadores e das perturbações operacionais só seja totalmente conhecida nos próximos dias. Menzies considerou insuficientes os serviços mínimos definidos pelo Conselho Económico e Social e reiterou que foram implementados planos de contingência "robustos", alinhados com esses serviços mínimos "e com total respeito pelos direitos dos trabalhadores".
O SIMA informou na semana passada ter apresentado duas queixas-crime no Ministério Público contra a administração da SPdH/Menzies e da TAP. Uma delas por violação da Constituição e da Lei da Greve, "assente na substituição direta de trabalhadores grevistas, alterações unilaterais de horários, suspensão de pausas em períodos de calor extremo e diversas formas de repressão e pressão ilegítima sobre os trabalhadores", e a outra "pelo pagamento de salários base inferiores ao Salário Mínimo Nacional (SMN), uma violação grave e inaceitável da legislação laboral portuguesa".
Em comunicados enviados na altura, a Menzies disse não comentar assuntos jurídicos, garantindo que actua "de forma rigorosa, de acordo com a lei" e com as suas obrigações contratuais, "mantendo um firme compromisso com práticas laborais justas e um diálogo aberto e construtivo com todas as partes interessadas".
As greves estão marcadas até ao último fim de semana de agosto, em todos os dias entre 15 e 18 de agosto, 22 e 25 de agosto e 29 de agosto e 1 de setembro.