Em comunicado, a CIL defende que os serviços de manutenção da Carris devem ser efectuados por trabalhadores da empresa, "e não através de 'outsourcing', que tem como única finalidade o lucro".
A comissão cita como exemplo o Metro de Lisboa: "Veja-se a vergonha de ter tantas escadas rolantes fora de serviço, algumas há anos".
"É fundamental que se proceda a um apuramento rigoroso e transparente de todas as responsabilidades", defende a CIL, incluindo "os aspectos técnicos relacionados com a manutenção, inspeção e funcionamento dos equipamentos".
Além disso, a comissão exigiu uma análise das "decisões e políticas adoptadas pela administração da Carris e pela Câmara Municipal de Lisboa".
A CIL apontou "a alocação de quatro milhões de euros na rubrica de mobilidade (desinvestimento na Carris) na 24ª alteração ao Orçamento de 2024 e a atribuição de financiamento do mesmo montante à Web Summit".
É necessário esclarecer "se as opções estratégicas e orçamentais municipais garantem um serviço público seguro e digno aos trabalhadores e utentes dos transportes públicos em Lisboa", defendeu a comissão.
A CIL exigiu que "esta tragédia sirva de alerta para a correção urgente das falhas identificadas".
O comboio Elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, matando 16 pessoas e ferindo duas dezenas.
A CIL expressou as suas "mais sentidas condolências pela trágica morte" do guarda-freio da Carris no acidente, "bem como pela situação das restantes vítimas e feridos".
O Elevador da Glória, operado pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros, e é muito procurado por turistas.
O histórico de manutenção e supervisão do elevador será analisado minuciosamente pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Ferroviários(GPIAAF), que contará com auxílio externo na investigação.
Na quinta-feira, o coordenador do GPIAAF, Nelson Oliveira, disse que "tudo o que for relevante para a investigação" será analisado.
Não só a conceção inicial do elevador, a sua posterior eletrificação e "sucessivos melhoramentos e renovações", mas sobretudo o seu historial de manutenção e inspeção serão analisados, disse Nelson Oliveira.
"Há muito historial, quer no que diz respeito à sua operação, quer, sobretudo, ao regime de manutenção a que está sujeito, ao regime de supervisão e à fiscalização por parte de entidades externas", disse.
Esta análise inclui também "a formação das pessoas que efectuam as intervenções e os contratos de prestação de serviços que existem com prestadores externos à Carris".
Ler mais...