O Centro Comercial Arrábida, em Vila Nova de Gaia, foi autorizado a encerrar as salas de cinema em nove dos 20 ecrãs do centro comercial por razões de "viabilidade económica", disse à Lusa fonte da Inspeção-Geral das Actividades Culturais(IGAC).

O Centro Comercial Arrábida Shopping alberga o maior complexo de cinemas do país, com vinte salas. No entanto, os proprietários do centro comercial solicitaram o encerramento de nove salas este ano, deixando as restantes onze abertas.

O pedido, que já foi autorizado pelo Ministério da Cultura, "baseia-se no facto de o atual número de salas de cinema não ser economicamente viável, tendo em conta o número de espectadores e a oferta comercial de cinema, não se justificando o seu atual funcionamento, dada a desproporção da oferta face à procura", refere a IGAC.

Este multiplex em Gaia, com mais de 4.000 lugares, é gerido pela UCI Cinemas, o terceiro maior exibidor de cinema em Portugal em número de salas. A UCI Cinemas não respondeu ao pedido de esclarecimento da Lusa sobre um eventual plano e calendário de remodelação das salas.

Contactado pela Lusa, o grupo empresarial Sonae Sierra, que detém o Arrábida Shopping e outros centros comerciais do país com salas de cinema, também não adiantou pormenores sobre uma eventual remodelação das salas.

"Avaliamos continuamente a evolução de todos os nossos activos e tomamos decisões adaptadas às necessidades específicas de cada centro. Desta forma, asseguramos o melhor desempenho em cada contexto e garantimos uma oferta que visa proporcionar a melhor experiência aos visitantes e potenciar as suas escolhas", disse a Sonae Sierra em resposta à Lusa.

Segundo a IGAC, este ano foram também apresentados pedidos de desativação de outras salas de cinema em centros comerciais de Viana do Castelo e Braga, que são propriedade da Sonae Sierra.

Em Viana do Castelo, o Ministério da Cultura autorizou a desativação de quatro salas do Estação Viana Shopping, exploradas pelo exibidor Cineplace.

Relativamente a estas salas, em agosto, fonte oficial da Sonae Sierra disse à Lusa que "para já" iriam manter as operações habituais, mas admitiu que "estão constantemente a analisar diferentes oportunidades no âmbito da gestão dos seus activos".

Questionada pela Lusa, a Cineplace disse que o encerramento é "infundado" e está mesmo "a desenvolver planos para investir na modernização do cinema de Viana do Castelo".

Em Braga, no centro comercial Nova Arcada, foi feito um pedido de "afetação a uma atividade diferente de seis das 12 salas", que também são geridas pela Cineplace. No entanto, o processo "está a ser investigado", disse fonte da IGAC.

De acordo com a legislação em vigor (Decreto-Lei 23/2014), a demolição de salas de cinema, ou a sua afetação a outras actividades que não o cinema, carece de autorização do Ministério da Cultura. A autorização é emitida pelo Ministério da Cultura, com base em pareceres da IGAC.

Números em queda

De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual(ICA), que recolhe dados estatísticos sobre a exibição cinematográfica, as vinte salas do Centro Comercial Arrábida totalizaram 460.533 espectadores em 2024, com uma média de 19 pessoas por sessão.

Em 2019, antes da pandemia de Covid-19, aquelas vinte salas de cinema receberam 830.656 espectadores, quase o dobro dos números de 2024. E é preciso recuar a 2011 para ver um público superior a um milhão de espectadores (1.048.771 entradas) naquele multiplex.

A nível nacional, a rede de exibição comercial, com sessões diárias regulares asseguradas por operadores privados, é liderada pelos Cinemas Nos Lusomundo, com 218 salas, seguindo-se o Cineplace (67 salas) e os Cinemas UCI (42 salas).