O jornal Expresso noticiou que a empresa municipal Carris “deu informações erradas à investigação do acidente com o teleférico de Glória”, analisando a nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Ferroviários (GPIAAF), divulgada três dias após a tragédia, e o relatório preliminar do GPIAAF, concluído em 45 dias e divulgado na segunda-feira.

A nota informativa do GPIAAF afirmava que o tipo de cabo usado neste elevador era usado “há cerca de seis anos”, mas essa informação foi esclarecida no relatório preliminar, com a indicação de que esse tipo de cabo era usado desde “dezembro de 2022”, acrescentando que não cumpria as especificações da Carris, nem estava certificado para uso no transporte de pessoas.

A data inicialmente publicada para o uso desse tipo de cabo foi 2019, o que culpou a gestão anterior da Carris, bem como o anterior prefeito de Lisboa, Fernando Medina (PS), já que o município é o único acionista desta empresa de transporte público.

À luz da reportagem do Expresso, a atual administração da Carris — sob a liderança de Pedro de Brito Bogas, que se demitiu na quarta-feira, demissão que foi aceita pelo prefeito de Lisboa, Carlos Moedas (PSD) — esclareceu hoje que “nunca forneceu as informações mencionadas no relatório, primeiro porque na época estava investigando os fatos relativos à aquisição do cabo”.

“Esses dados não estão incluídos na vasta documentação que a Carris enviou ao GPIAAF como parte da investigação. O conselho de administração da Carris ainda não foi questionado pelo GPIAAF como parte da investigação”, disse a empresa municipal

em um comunicado.

A Lusa tentou obter uma reação do gabinete do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), que remeteu o assunto para a Carris.

Em declarações à Lusa, a recém-eleita vereadora do PS Alexandra Leitão disse que “dar informações incorretas ao gabinete que inspeciona acidentes, deliberadamente ou não, é muito grave”.