Em entrevista à Lusa no Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque, onde iniciou uma visita aos Estados Unidos, Emídio Sousa indicou que, por seu lado, está a rever o quadro legal do ensino de português no exterior, como uma ferramenta fundamental para “manter a identidade portuguesa ativa”.

“Este quadro legal não é atualizado há 19 anos, se não me falha a memória; portanto, estou finalizando este projeto de revisão do quadro legal para tornar o ensino de português mais atraente”, disse, admitindo ter recebido algumas reclamações sobre condições salariais pouco atraentes em relação ao ensino de português nos Estados Unidos. “Em relação ao [papel do] Governo, trata-se essencialmente de revisar o quadro legal, melhorar as condições de frequência às aulas, distribuição de livros didáticos e aulas online. Portanto, esse é todo o trabalho que o Governo português está fazendo”, assegurou.

No entanto, Emídio Sousa apelou às comunidades portuguesas para que não se distanciem da língua portuguesa, sublinhando que a língua é uma “ferramenta importante para o futuro”.

“O apelo constante às nossas comunidades é falar português em casa. É a melhor e melhor ferramenta que temos para aprender o idioma. (...) Muitas vezes, a segunda e a terceira gerações, ao se casarem com falantes nativos, perdem um pouco dessa conexão, mas costumo dizer que ela pode ser uma ferramenta importante até mesmo para o futuro. Ter habilidades extras nunca é um problema”, observou.

O português não é apenas uma das línguas mais faladas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, mas também é a língua mais falada no hemisfério sul, de acordo com dados da UNESCO.

“Portanto, desafio as famílias, as pessoas, a investirem na nossa língua”, acrescentou a secretária de Estado, pedindo às famílias que primeiro falem a língua em casa e depois a refinem nas escolas portuguesas nas suas áreas de residência.

Os Estados Unidos são um dos países onde o ensino da língua portuguesa mais cresceu, com mais de 20.000 alunos no ensino primário e secundário e mais de 2.000 estudantes no ensino superior, apoiados por mais de 400 professores, de acordo com dados oficiais, o que indica um crescimento de 100% nos últimos 10 anos.

A importância dada à língua portuguesa pelo sistema educacional se reflete em sua acreditação como língua de acesso ao ensino superior por meio do exame 'National Examinations in World Languages' (NEWL).