Segundo várias fontes contactadas pela Lusa, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve(CCDR) já tem equipas no terreno a visitar as zonas mais afectadas e a validar os formulários preenchidos pelos responsáveis das unidades agrícolas afectadas.

Uma das empresas que estes técnicos visitaram na quarta-feira é a Agrolimoa, Sociedade Horto-Frutícola do Algarve, em Silves, no distrito de Faro, onde foram destruídas estufas modernas numa área de 6,5 hectares, de um total de nove hectares.

Um dos gerentes da empresa, Simão Pereira, estimou à Lusa que haverá prejuízos de cerca de 1,5 milhões de euros, sobretudo na estrutura das estufas, tubagens e culturas de tomate, pepino e beringela, para citar apenas alguns dos produtos agrícolas afectados.

"Isto compromete agora todas as culturas que iam começar em dezembro e janeiro", disse Simão Pereira, acrescentando que "o volume de negócios vai baixar drasticamente, uma vez que não vai haver produção nas quantidades anteriores".

Das 11 estufas existentes, apenas três continuam em bom estado, mas o gerente da Agrolimoa garantiu que a empresa "não vai desistir" e vai "tentar recuperar aos poucos".

"Atualmente, empregamos cerca de 50 pessoas e fechar a empresa seria mesmo a última opção. Sem esta ajuda [estatal], será muito difícil. Com a ajuda e o financiamento disponíveis, penso que dentro de um ano poderíamos voltar à plena atividade", afirmou.

Por sua vez, segundo o presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão, os produtos mais afectados pelo temporal foram os citrinos e o abacate, com muitos frutos caídos no chão, árvores arrancadas e infra-estruturas destruídas, como estufas e sistemas de rega.

"Os produtos que caíram ao chão não podem ser recuperados e há prejuízos que ainda estão a ser contabilizados", disse Ilídio Mestre.

"Relatórios "significativos

O vice-presidente da CCDR do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, confirmou que estão a receber diariamente relatórios com a descrição dos prejuízos, alguns dos quais "significativos".

"Após a validação, vamos elaborar um relatório para enviar ao gabinete da ministra da Agricultura e do Mar, porque existe uma medida para repor o potencial produtivo destruído que só é aberta com o despacho da ministra", disse o responsável.

Após o preenchimento do formulário, o documento pode ser enviado para vicepresidencia-ap@ccdr-alg.pt ou entregue presencialmente no Centro de Experimentação Agrícola de Tavira, na Divisão de Apoio Técnico de Proximidade(Porto de Pesca de Portimão), no Balcão de Atendimento do Patacão (Faro) ou no Núcleo de Alcoutim.

De acordo com a CCDR Algarve, este levantamento permitirá "avaliar os impactos e fundamentar a proposta de medidas de apoio adequadas ao sector".

O mau tempo provocado pela passagem da tempestade Cláudia no Algarve, no sábado, provocou a morte de uma mulher de 85 anos e feriu mais de 20 pessoas em Albufeira, causando também estragos nos concelhos de Lagoa e Silves.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera(IPMA) confirmou que o fenómeno que atingiu Albufeira nesse dia foi um tornado, que atingiu rajadas de vento de cerca de 220 quilómetros por hora, percorrendo uma distância de aproximadamente quatro quilómetros.