"Não se trata apenas de um termo vago, de uma expressão; é um compromisso para aprofundar a nossa cooperação a nível cultural e económico, e no desenvolvimento de novas áreas de relacionamento", afirmou Montenegro no final de uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro japonês cessante, Shigeru Ishiba, no primeiro dia da sua visita oficial ao Japão.

O chefe do governo destacou a segurança e a defesa, as novas tecnologias, a energia e a partilha de conhecimentos científicos entre instituições de ensino entre as áreas a desenvolver para o futuro na relação bilateral.

"Esta parceria estratégica ilustra uma vontade comum de trabalhar em conjunto, de convergir e de tratar a nossa relação política, económica e cultural com um propósito positivo e eficaz, e consequentemente", afirmou.

No início do encontro, Montenegro já tinha agradecido ao primeiro-ministro Ishiba as palavras de solidariedade que manifestou a Portugal a propósito dos incêndios de agosto e do recente acidente com o Elevador da Glória, que causou 16 mortos.

Montenegro foi recebido no Kantei, a residência oficial do Primeiro-Ministro japonês. Montenegro sublinhou a relação de 480 anos entre os dois países, considerando a sua visita de dois dias ao Japão "uma demonstração de amizade e uma oportunidade".

No plano político, o Primeiro-Ministro afirmou que a declaração conjunta que estabelece a parceria estratégica vai significar "maior regularidade" nos encontros entre os dois países, referindo que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e o Ministro da Economia e Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, se reuniram com os seus homólogos na quinta-feira.

Na vertente económica, o Primeiro-Ministro salientou que há mais de mil empresas portuguesas a atuar no mercado japonês, em áreas tão diversas como a agricultura, a indústria, a farmacêutica e a energia - áreas a que a parceria estratégica vai acrescentar outras como a proteção civil e a segurança e defesa.

"Queremos também preservar o que tem sido um património cultural e linguístico comum. Sublinho o facto de muitos japoneses estarem a aprender português e de o japonês também ser ensinado em Portugal", afirmou.

Montenegro destacou ainda a exposição de Osaka, que visitará na sexta-feira, como "um testemunho perfeito desta dimensão de cooperação política, cultural e económica" e elogiou o sucesso do evento, referindo que só o Pavilhão de Portugal "já foi visitado por mais de 1,4 milhões de cidadãos".

Na cena internacional, sublinhou que há "uma convergência muito forte" de posições com o Japão, aproveitando para reiterar a condenação da Rússia à "violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia", sem se referir, no entanto, à recente acusação da Polónia de incursões de drones russos no seu espaço aéreo.

O primeiro-ministro japonês condenou igualmente os programas nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte.

"Estou absolutamente convencido de que esta visita significará uma nova fase no nosso relacionamento, o início de uma parceria estratégica que é verdadeiramente uma nova etapa, com o objetivo de trazer maior bem-estar e desenvolvimento aos nossos países", enfatizou.

Anteriormente, o primeiro-ministro japonês, que se demite na sequência da sua derrota nas eleições legislativas de julho, considerou a cooperação entre os dois países "mais importante do que nunca", tendo em conta o "ambiente de segurança desafiante" no mundo.

Ishiba referiu que cerca de 120 empresas japonesas operam em Portugal e que "a cooperação empresarial no domínio das energias renováveis e das infra-estruturas continua a crescer".

"Esperamos um desenvolvimento ainda maior das relações comerciais e de investimento entre os dois países", disse, manifestando também interesse em "contribuir para o desenvolvimento económico e social dos países de língua portuguesa".