Para além da sessão plenária que decorre na Esquadra de Controlo de Fronteiras, os dirigentes da ASPP têm também estado a distribuir informação aos passageiros no exterior do aeroporto sobre a situação atual do controlo de passageiros nas fronteiras aeroportuárias, uma responsabilidade que a PSP herdou há dois anos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras(SEF).

Esta sessão plenária decorre no dia em que se regista o maior número de voos com origem e destino fora do Espaço Schengen (espaço europeu de livre circulação de pessoas e bens), o que poderá levar a mais constrangimentos, uma vez que o novo Sistema de Entrada/Saída (SEF) tem causado problemas, principalmente nos aeroportos de Lisboa e Faro.

Filas de espera

De acordo com o ECO, o protesto provocou filas significativas no controlo fronteiriço nas saídas do aeroporto Humberto Delgado, chegando quase até à saída do duty free. A situação foi mais regular nas chegadas.

"Consideramos que terça-feira é o dia ideal, porque precisamos de ter algum impacto e dar alguma dimensão para que, de uma vez por todas, tanto o Governo como a opinião pública percebam o estado real do serviço nos aeroportos e as dificuldades que estamos a ter, porque parece que ninguém nos quer ouvir", disse à Lusa o presidente da ASPP.

Para Paulo Santos, é importante não só realizar o plenário para ouvir os polícias, mas também estar no exterior do aeroporto, na zona das chegadas, para distribuir "alguma informação aos cidadãos no sentido de explicar porque é que muitas vezes ocorrem atrasos".

O presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública sublinhou que não consegue perceber as razões que levaram o Governo a criar uma Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) "numa PSP que está totalmente depauperada em termos de efectivos".

"Exaustão, esgotamento e desmotivação"

"Estamos constantemente a ver os comandos do país a perder capacidade nas esquadras para cumprir a missão da UNEF", denunciou, sublinhando que os polícias que trabalham nos aeroportos, nomeadamente em Lisboa, estão "totalmente esgotados e desmotivados com esta situação". Segundo Paulo Santos, a ASPP tem recebido várias queixas de polícias em situação de "exaustão, burnout e desmotivação".

"Estamos a ver os nossos colegas com excesso de trabalho, mas também com a ideia, muitas vezes veiculada no estrangeiro, de que os atrasos, as dificuldades e os constrangimentos que existem nos aeroportos são da responsabilidade da polícia, e nós não aceitamos isso", disse.

Afirmou que a raiz desses atrasos "não tem origem no serviço policial em si, mas na falta de meios e até de capacidade estrutural do aeroporto", sublinhou. Paulo Santos defendeu que, para além do aumento do efetivo policial, é também necessário criar condições tecnológicas e físicas de trabalho, mas principalmente deixar de tratar os polícias "como polícias 'low-cost'", considerando que devem ser "valorizados e compensados" com a atribuição de um suplemento aeroportuário, à semelhança do que aconteceu com os antigos inspectores do SEF.