“Durante o primeiro período escolar, agora concluído, 13.446 horas de ensino estavam disponíveis para contratação nas escolas”, enquanto no ano letivo anterior havia 9.696, revela a Federação Nacional de Professores, que fala de um “aumento significativo” de 38,7%.

Para a Fenprof, esses números revelam um “problema estrutural profundo”, que piora “semana a semana: a escassez crônica de professores, com a consequente existência permanente de muitos milhares de alunos sem aulas”.

“Em vários agrupamentos de escolas, o número de horas vagas de ensino já ultrapassa cem, enquanto em escala regional, milhares de horas vagas são registradas”, acrescenta, apontando Lisboa como a região com mais problemas, com 5.285 horas vagas.

Setúbal é a segunda área do país com mais carências de professores, com 1.975 horas de ensino vazias, de acordo com dados da Fenprof, que coloca Faro em terceiro lugar (1.444 horas) e Porto em quarto.

“Esses números mostram que o problema não é mais localizado e assumiu uma dimensão claramente nacional”, afirma o maior sindicato representativo de professores.

Na terça-feira, o ministro da Educação foi questionado pelos jornalistas sobre quantos estudantes faltavam professores, e admitiu que ainda não consegue dar um número exato, assim como “ninguém pode”.

A secretaria está montando um sistema de informação que permitirá responder a essa pergunta e que, segundo Fernando Alexandre, será um sistema certificado, “rigoroso e verificável”: “Não será o que temos hoje na praça pública, que são pessoas anunciando estudantes sem aulas, que muitas vezes não têm base na realidade”.