"Devo regressar a Madrid dentro de duas semanas e provavelmente anunciarei a anulação de mais um milhão de lugares no próximo verão", disse Michael O'Leary ao Financial Times, após a reunião anual da transportadora irlandesa. "Se os custos na região espanhola forem demasiado elevados, voaremos para outros locais. É melhor voar para sítios como Palma [de Maiorca] pelo mesmo preço do que voar para Jerez", acrescentou.

A Ryanair já tinha anunciado o cancelamento de até dois milhões de lugares em voos para o próximo inverno e para o verão passado, devido à sua recusa em pagar um aumento de 6,5% das taxas aeroportuárias impostas pelo operador aeroportuário estatal espanhol Aena.

A companhia irlandesa pediu à Aena que cancelasse os aumentos de custos: "Se o Governo espanhol não conseguir persuadir a Aena [a recuar], então não tenho qualquer desejo de lhes prestar serviços", declarou O'Leary.

Este é o mais recente conflito entre a Ryanair e um operador aeroportuário europeu sobre as taxas aeroportuárias, depois de um anterior conflito com as autoridades francesas no início deste ano.

A Aena, que afirma que o aumento das taxas em Espanha a pagar pelas companhias aéreas atingirá os 0,68 euros por passageiro até 2026, acusou a Ryanair de "extorsão" e desonestidade, dizendo que a companhia aérea tinha pedido formalmente para operar mais voos do que os que tinha ameaçado cancelar.

Na semana passada, o presidente do operador aeroportuário espanhol, Maurici Lucena, qualificou a Ryanair de "impertinente", afirmando que a companhia aérea tinha uma visão "perturbadoramente plutocrática" da política, em que "as decisões governamentais devem ceder aos interesses das empresas economicamente mais poderosas".

Atualmente, a Ryanair transporta mais passageiros de e para Espanha do que qualquer outra companhia aérea, incluindo a Iberia, a companhia de bandeira do país.